O Brasil assiste, estarrecido, a um escândalo que fere, com crueldade, quem mais deveria ser protegido: os aposentados. Homens e mulheres que dedicaram a vida inteira ao trabalho agora veem seus benefícios sendo corroídos por descontos misteriosos — cobranças que surgem do nada, sem explicação, sem autorização, sem um pingo de respeito.
É desesperador. É revoltante. Milhares de aposentados e pensionistas estão sendo vítimas de um golpe cruel, que rouba, mês após mês, o pouco que recebem. Mas o que talvez seja ainda mais revoltante é o que vem depois do golpe: o silêncio.
Quando essas pessoas, já fragilizadas, tentam buscar ajuda, caem num labirinto de descaso. Os canais de comunicação do INSS — que deveriam acolher, orientar e resolver — simplesmente não funcionam. O telefone não atende. O site trava. O aplicativo não responde. A fila nas agências é humilhante. E ninguém, absolutamente ninguém, se responsabiliza. Alem de tudo o oportunismo dos golpistas que aplicam mais em cima de quem já foi tão prejudicao.
É como se essas vidas não importassem.
Estamos falando de idosos, muitos com limitações físicas, com pouca familiaridade com tecnologia, que acordam cedo, esperam horas, ligam dezenas de vezes, e ainda assim saem de mãos vazias, sem respostas, sem apoio, sem dignidade.
A dor de quem foi roubado é multiplicada pela omissão de quem deveria proteger. O INSS, que existe para garantir direitos, virou um muro de concreto: alto, frio, intransponível. E atrás desse muro, um sistema que finge não ver o sofrimento de quem bate à porta pedindo socorro.
O problema não é técnico — é humano. É moral. É político.
Onde está o Ministério da Previdência? Onde está o presidente do INSS? Onde está a resposta do governo para esse verdadeiro apagão na comunicação com os segurados? Até quando os aposentados vão gritar para o vazio?
Cada ligação que cai, cada protocolo sem retorno, cada tentativa frustrada de acesso ao Meu INSS é mais uma ferida aberta na autoestima de quem já deu tanto ao país.
O Brasil deve uma resposta. E ela começa com o básico: um canal que funcione. Um atendimento que respeite. Um sistema que trate essas pessoas como cidadãos — e não como números largados à própria sorte.
Não basta reconhecer o golpe. É preciso agir. Ignorar o problema é compactuar com ele. E toda autoridade que se cala diante disso carrega, sim, parte da culpa.
O tempo da espera acabou. Chega de abandono. É hora de fazer o INSS ouvir. E responder. Porque o silêncio, nesse caso, também é uma forma de violência.