O governo federal surpreendeu um dos principais setores da economia brasileira ao anunciar, no final do dia de ontem, a suspensão dos subsídios para linhas de crédito voltadas aos produtores rurais. A medida, que já entra em vigor imediatamente, não possui prazo definido para ser revertida.
O setor agropecuário, considerado essencial para o país devido à sua relevância econômica e estratégica, sempre contou com incentivos governamentais. Entre esses incentivos, destacam-se as linhas de crédito subsidiadas, que oferecem financiamentos a taxas de juros significativamente mais baixas do que as praticadas no mercado.
Enquanto empresas de outros setores precisam arcar com taxas de juros próximas à Selic, os produtores rurais têm parte dessas taxas “cobertas” pelo Tesouro Nacional, permitindo que eles paguem juros menores, definidos pelo governo a cada safra.
Com a alta das taxas de juros no mercado, o custo para o governo “equalizar” essas taxas — ou seja, subsidiar a diferença — aumentou consideravelmente. Essa pressão orçamentária levou à decisão de suspender os subsídios, afetando diretamente os produtores que dependem desse tipo de crédito para financiar suas operações, investir e expandir sua produção.
Na prática, os agricultores terão que recorrer a financiamentos com taxas mais altas, o que encarece o custo de produção. Como consequência, é esperado um aumento nos preços dos produtos agrícolas, especialmente dos alimentos, impactando toda a cadeia produtiva e o consumidor final.
Para se ter uma dimensão do cenário, em 2024, o Plano Safra destinou R$ 400 bilhões para o setor, um aumento de 10% em relação ao ano-safra anterior. A suspensão dos subsídios, portanto, representa um grande desafio para o setor agropecuário, que terá de se adaptar a condições de crédito menos favoráveis em um momento de custos crescentes.
Fontes: The News