O Banco Central do Brasil lança oficialmente nesta quarta-feira, 4 de junho, em São Paulo, o pix automático, funcionalidade que promete transformar a forma como os brasileiros realizam pagamentos recorrentes. A operação começa efetivamente no dia 16 e permitirá autorizações prévias para cobranças periódicas, como contas de telefone, academias, escolas, condomínios e serviços por assinatura.
Com o pix automático, o cliente poderá agendar pagamentos recorrentes diretamente pelo aplicativo bancário, sem precisar autorizar manualmente cada transação, segundo informa o Valor Investe. Os débitos serão feitos de forma automática, desde que haja saldo na conta e autorização prévia. “A solução de fato mudará a experiência de uso e criará uma relação mais equilibrada entre a empresa e seu pagador”, afirma Angelo Russomanno, diretor de pagamentos para pessoa jurídica do Itaú Unibanco.
A novidade funcionará para contas com vencimentos semanais, mensais, trimestrais, semestrais ou anuais, sem limite de agendamentos. O pagador poderá definir um teto de valor, enquanto a empresa que cobra também poderá estabelecer limites mínimos. Caso não haja saldo na data de vencimento, o sistema tentará realizar a cobrança duas vezes no mesmo dia e até três vezes posteriormente, conforme as regras definidas pelo BC.
Segundo o Banco Central, o objetivo é substituir o tradicional débito automático, o DDA (Débito Direto Autorizado) e até o uso de cartões de crédito para recorrência, o que pode reduzir a inadimplência por esquecimento. Denis Silva, CEO do Efí Bank, avalia: “Essa inovação chega em boa hora. Enxergamos o pix automático como o próximo grande diferencial competitivo para nossos clientes”.
O BC iniciou uma bateria de testes em 28 de fevereiro, que segue até 6 de junho, para garantir a estabilidade da nova funcionalidade. Estão sendo avaliados aspectos técnicos, como conectividade entre instituições financeiras, APIs e experiência do usuário. “Os testes estão evoluindo conforme as expectativas”, informou o órgão.
Além dos testes homologatórios, bancos como Itaú e plataformas como Efí Bank já preparam ambientes de simulação (sandbox) para que seus clientes possam integrar o pix automático com tranquilidade desde o primeiro dia. A expectativa é que empresas de setores como telefonia, energia, streaming, educação, saúde e provedores de internet sejam os principais beneficiados com a novidade.
“O pix automático supera as limitações do débito automático tradicional e traz uma solução moderna, econômica e integrada ao ecossistema Pix”, complementa Denis Silva.
As empresas poderão centralizar seus recebimentos por meio de um único provedor, com acesso a mais de 900 instituições financeiras integradas ao Pix. A adoção da nova funcionalidade deve ampliar o alcance dos pagamentos recorrentes, facilitar a conciliação financeira e fidelizar os clientes. De acordo com o Itaú, o uso de soluções de recorrência como o pix automático pode aumentar em até 30% os índices de pagamento em comparação com boletos e QR Codes
Outro avanço importante é a integração com o sistema de Open Finance. Instituições Iniciadoras de Transação de Pagamento (ITPs) também estão em fase de testes para operar o pix automático. O usuário poderá autorizar pagamentos diretamente no site ou app da empresa, sendo redirecionado ao app do banco sem necessidade de QR Code. Os testes com ITPs seguem até 15 de junho e apenas as aprovadas poderão oferecer a solução.
Para o presidente da Associação dos Iniciadores de Transação de Pagamentos (INIT), Jonatas Giovinazzo, e o diretor-executivo da entidade, Gustavo Lino, a funcionalidade é resultado do amadurecimento do Open Finance no Brasil: “As instituições estão engajadas e acreditamos num impacto significativo desde o primeiro dia de operação”.
Com a chegada do pix automático, o Brasil avança mais um passo rumo à modernização dos meios de pagamento, promovendo maior eficiência, controle e praticidade para consumidores e empresas, e abrindo caminho para transformações no sistema de crédito e nas relações financeiras cotidianas.