O Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna Caatinga), vinculado à Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), recebeu 26 araras-canindé (Ara ararauna) vindas dos estados do Piauí e Ceará. As aves, vítimas do tráfico de animais silvestres, estão sendo reabilitadas no Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) da instituição, em mais uma etapa de um esforço regional de conservação.
A ação integra um projeto estratégico do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que busca fortalecer a atuação conjunta dos CETAS da região Nordeste. A proposta é garantir que animais resgatados retornem a áreas próximas de seus habitats naturais, reduzindo impactos ecológicos e promovendo o equilíbrio das populações silvestres. A iniciativa conta ainda com a parceria da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH), responsável pelo suporte logístico e técnico no manejo das aves.
A arara-canindé, conhecida por sua plumagem vibrante e inteligência, é uma das espécies mais exploradas pelo tráfico de fauna no Brasil. Embora não esteja em risco de extinção global, enfrenta declínio populacional em várias áreas do Nordeste, onde a captura de filhotes para o comércio ilegal é recorrente.
Durante o processo de reabilitação, as aves passam por treinamentos específicos que incluem voo, reconhecimento de alimentos nativos, comportamento anti-predatório e adaptação ao ambiente natural. Após essa fase, serão submetidas à “soltura branda”, em viveiros instalados nos locais de reintegração, para uma ambientação gradual à natureza.
O biólogo da CPRH, Yuri Valença, ressaltou a importância da estrutura e da expertise oferecidas pelo Cemafauna. “O CETAS Recife não possui estrutura suficiente para esse número de aves. O apoio técnico e físico do Cema, aliado ao conhecimento dos profissionais da universidade, garante uma reabilitação mais eficaz”, destacou.
Para o coordenador do Cemafauna, professor Luiz Cezar Pereira, a ação reafirma o compromisso da instituição com a preservação da fauna nordestina. “Essa parceria fortalece a luta contra o tráfico e ajuda a garantir que espécies emblemáticas, como a arara-canindé, continuem a enfeitar os céus da Caatinga.”